quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Prêmio a Mestres e Mestras ajuda a preservar a história e a cultura do Maranhão


Nomes de destaques da cultura e da arte maranhenses que serão reconhecidos durante a premiação de Mestres e Mestras da Cultura Popular e Tradicional, nesta quinta-feira (17), dizem que a iniciativa ajuda a preservar e valorizar a história e a arte maranhenses. A iniciativa é do Governo do Maranhão. A cerimônia será no Convento das Mercês, em São Luís, com a presença do governador Flávio Dino, a partir das 19h.

A ideia é condecorar nomes da história de nossa terra e reconhecer o valor dos homenageados, que são detentores de conhecimentos e expressões culturais populares e tradicionais que ajudam a preservar a história maranhense.

Entre os premiados, está o artista popular Antônio José da Conceição Ramos, mais conhecido como Mestre Patinho, um dos referenciais da capoeira no estado, que faleceu em junho deste ano.  A homenagem será feita pelas mãos de sua companheira, Erlene Gonçalves do Nascimento, que viveu com o Mestre por mais de 15 anos, período em que tiveram duas filhas. Patinho também deixou um herdeiro primogênito, Zeno Alhadef.

Mestre Patinho era formado em Educação Física pela Universidade Federal do Maranhão (Ufma), mestre de capoeira, atleta de judô, karatê e jiu jitsu, bailarino clássico e especialista em ginástica olímpica. O artista com alma de atleta criou a primeira Escola de Capoeira do Maranhão, no Laborarte, mas lutava pela legalização do Centro Cultural Mestre Patinho, criado desde 2000, na Rua São Pantaleão.

“A premiação é uma coisa que nos deixa muito feliz, marca o reconhecimento dele como verdadeiro mestre. Ele é merecedor desse prêmio. Apesar de ele não estar mais aqui, entre a gente, o prêmio vem consolidar anos de trabalho desenvolvido pelo Mestre”, diz Erlene Gonçalves.

“Ele se empenhava em todas as manifestações culturais, esportistas, passando pela dança, entre outras atividades que ele gostava. Com isso, ele criou o Centro Cultural Mestre Patinho em 2000 e prospectou muitas atividades para o espaço que, agora, nós ficamos incumbidos de levar à frente a vida e a obra desse artista. A gente leva adiante o que ele deixou, através de estudos coletivos, com uma eterna busca do aprendizado”, lembra Erlene. Ela ressalta, ainda, a generosidade de Mestre Patinho, ao compartilhar o seu conhecimento.

Amor à primeira vista
Mestre Patinho teve uma espécie de amor à primeira vista com a capoeira. As primeiras aulas foram com Jessé Lobão e depois com Roberval Serejo, nomes de referência na época. No final da década de 60, conheceu aquele que viria a ser seu grande mestre nessa arte, o baiano Mestre Sapo. Em 1985, fundou a Escola de Capoeira do Laborarte e, em 1992, o Festival de Cânticos da Capoeira para evidenciar a musicalidade como um dos principais fundamentos da capoeira. No início da década 90, Mestre Patinho foi reconhecido publicamente como descendente da linhagem do Mestre Canjiquinha.

O artista, ainda no início de suas atividades no Laborarte, colocou-se diante de um grande desafio, que era o de quebrar o estigma da capoeira vista apenas como uma luta de tendências violentas. Para tanto, ainda no final da década de 80, criou a roda aberta a capoeiristas de outros grupos, que existe até hoje.

Incentivo ao conhecimento
O reconhecimento prestado a Mestre Patinho chega a dezenas de maranhenses que, assim como ele, desenvolveram a cultura popular e tradicional no estado. É o caso de Antonio Ribeiro, conhecido no meio artístico como Tonico (foto abaixo), de 80 anos, desde 1968 no Boi da Fé em Deus, sotaque de zabumba, onde ocupa o cargo de presidente.

Ele também será contemplado com a premiação por estar à frente do boi de promessa. “Eu não tenho ideia de quantas pessoas já passaram pelo boi, mas acredito que mais de 100 já passaram pelo meu domínio, onde eu passei meus conhecimentos, como tocar zabumba, pandeiro, brincar debaixo do boi e cantar”, comenta.

Seu Tonico diz que se sente valorizado com o recebimento da premiação. “Eu me sinto feliz por acreditar que o trabalho que fiz e faço foi enxergado por alguém. Eu me sinto satisfeito por isso. Esse prêmio incentiva a transferência dos nossos conhecimentos culturais para outras gerações. Já dei aula de tambor de crioula, oficinas de bordados, de pandeiros, tambor, entre outras coisas. O boi é a paixão da minha vida, nunca mais eu brinquei em outro boi. É tudo na minha vida”, complementa.

O prêmio
O prêmio está divido em dez categorias: Bumba meu Boi, Tambor de Crioula, Capoeira, Festas Religiosas Tradicionais, Danças Populares, Blocos Tradicionais, Artesanato Tradicional, Música Popular Maranhense, Culinária Tradicional e Griôs/Povos Tradicionais de Terreiro. Os dez candidatos vencedores receberão diploma de reconhecimento e premiação no valor de R$ 20 mil.

Puderam se inscrever no edital candidatos de grande experiência e conhecimento dos saberes e fazeres populares, dedicados às expressões culturais populares maranhenses, com reconhecimento da comunidade onde vivem e atuam, com longa permanência na atividade e capacidade de transmissão dos conhecimentos artísticos e culturais.

Entre os ganhadores estão mestres e mestras dos municípios de São Luís, Icatu, Amarante do Maranhão, Axixá, Alcântara, Bacabal e Caxias.

Premiados e categorias
Antônio Ribeiro (Seu Tonico) – Bumba-meu-boi
José Tomás dos Santos ( Zequinha de Militão) – Tambor de Crioula
Antônio José da Conceição Ramos (Mestre Patinho)  – Capoeira
Vicente Ramu’i Guajajara – Festas Religiosas Tradicionais – Festa do Mel
José Carlos Leite – Danças Populares Maranhenses
Waldete Moraes Corrêa (Cabeça Branca) – Bloco Tradicional
Neide de Jesus – Artesanato Tradicional Maranhense
Maria do Socorro Silva (Patativa) – Música Popular Maranhense
Maria de Nazareth do Nascimento Souza (Mestra Nazinha) – Culinária Tradicional Maranhense
Maria Madalena Carvalho (Mãe Madalena) – Griôs de Comunidades Tradicionais de Matriz Africana – Povos de Terreiro

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